Perfeccionismo não cabe na escola do futuro: entenda o por quê?

Comunicação escolar
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O perfeccionismo está entre os pilares da sua escola? Se sim, talvez seja hora de rever essa característica. A perfeição não cabe na escola do futuro por um motivo simples: o mundo não é perfeito. Além disso, o perfeccionismo acaba com a perspectiva da inovação. A afirmação é do CEO e co-fundador do ClassApp, Vahid Sherafat.

“A escola tem que romper o padrão do perfeccionismo. Hoje a escola do futuro é a que não é perfeita. Ela tem que ter excelência, mas não perfeição, porque isso é ser inimigo da criatividade e da inovação. É impossível educar um indivíduo criativo perfeccionista, pois ele não tolera o imperfeito. Ele prefere não fazer um desenho ou uma redação do que fazer mal feito, e para de ser criativo”, resumiu.


Perfeccionismo x erro


É preciso abraçar a vulnerabilidade de não ser perfeito e aceitar que o erro vai existir. Ao tentar ser perfeita, a escola se torna superficial no relacionamento, pois não quer expressar seus defeitos. A conexão entre a família, alunos e escola é essencial para o sucesso, com uma comunicação honesta e verdadeira entre as partes.

“Imagina se relacionar com uma pessoa sem querer demonstrar seus defeitos? Como você acha que a outra pessoa me percebe? De uma forma verdadeira ou superficial? Você começa a desconfiar de quem é perfeito. É a falácia do perfeccionismo: isso não transmite valor de verdade”, garante Vahid.

Sherafat cita que um professor pode ter PhD em linguística e ainda assim cometer erros de português, por exemplo. A família pode achar isso um absurdo, mas é preciso lembrar que todos cometem erros. “Precisamos estimular a comunicação ágil e isso pode se perder a qualidade. Mas isso é quebrar paradigmas: ao tentar ser perfeita, a escola acaba sendo superficial com a família”, diz o CEO.

Diretor pedagógico do Colégio Marillac, localizado em Santana (SP), Luis Fernando Bronzatto relata que a escola tem como pilares o acolhimento, respeito e segurança, e que eles são garantidos com agilidade e transparência na comunicação.

“A gente também assume os erros. Pedir desculpa não é problema nenhum, se tem como resolver, vamos resolver. Esse caminho de entendimento da escola atual, de como ela precisa ser, está muito relacionado com o ClassApp”, relatou o professor.


Coragem para ser vulnerável


Assumir seus erros é estar vulnerável -  e isso não é ruim!

A fala de Vahid Sherafat é baseada no estudo da pesquisadora Brené Brown, que se dedicou a entender esse conceito da vulnerabilidade do ser humano e como ele é importante para permitir conexões e, consequentemente, dar propósito para a vida.

Em sua Ted, apresentada em 2010, ela mostrou sua pesquisa sobre a coragem em ser vulnerável. A pesquisadora conta que durante seu processo de estudo, ela costumava perguntar por histórias de amor e se deparava com histórias de corações quebrados. Histórias sobre pertencimento? Ela recebia experiências sobre exclusão. Brené percebeu que essas histórias tinham algo em comum: a vergonha.

"A vergonha é muito facilmente compreendida como o medo da desconexão. Há algo sobre mim que se outras pessoas souberem, fará com que eu não mereça uma conexão?", explica.

O que sustenta esse sentimento de não ser bom o suficiente é a vulnerabilidade. Pode parecer simples, mas para ser visto, é preciso ser visto e, consequentemente, estar vulnerável. Segundo ela, aqueles que têm um sentimento forte de pertencimento se diferem daqueles que não têm por uma única questão: acreditar que merecem. "Para mim, a parte difícil da única coisa que nos mantém desconectados é o nosso medo de não sermos merecedores da conexão".

O que essas pessoas que acreditam ser merecedoras de pertencimento têm em comum é o senso de coragem. "Essas pessoas tinham a coragem de serem imperfeitas. Tinham a compaixão de serem gentis consigo mesmos e depois com os demais". Elas também abraçavam completamente a vulnerabilidade, acreditando que ser vulneráveis é o que os tornavam lindos.

A vulnerabilidade é necessária, pois nos dá a disposição de fazer algo sem garantias. Viver com vulnerabilidade é parar de controlar e prever. Vulnerabilidade é o centro da vergonha e do medo, mas também é a origem da felicidade, criatividade e amor. 

"Vivemos em um mundo vulnerável e uma forma de vivermos é anestesiando essa vulnerabilidade. Há uma explicação: somos endividados, obesos, viciados e medicados dos EUA. Só que a gente não pode anestesiar emoções seletivamente. Você não pode falar: aqui estão as partes ruins e não quero sentir isso. Você não anestesia essa parte sem anestesiar outros sentimentos e emoções, como a felicidade. E aí a gente sente tristeza, nos sentimentos vulneráveis e entramos num ciclo perigoso".


Vulnerável para inovar


A partir do momento que o gestor aceita a vulnerabilidade, ele pode passar a buscar a excelência. O perfeccionismo é um conceito ilusório, enquanto ser excelente significa querer aprender sempre e expandir dentro dos limites possíveis, ser excelente é estar aberto à inovação.

E vale lembrar: a inovação não tem nada a ver com tecnologia. Ela é a capacidade de fazer as coisas melhor e com criatividade, resolver os problemas de forma nova. “Você pode ter tecnologia e ser incapaz de inovar, porque a inovação depende da capacidade de lidar com o imperfeito. Uma escola perfeccionista dificilmente é vista como uma escola inovadora”, explica Vahid.

Ser inovador depende da capacidade das pessoas, portanto Vahid faz um questionamento: “A sua equipe é motivada a pensar de forma inovadora ou ela tem medo? Ou segue uma cartilha e precisa ser padronizada? Se surge uma situação nova, ela sabe reagir?”.

Segundo o CEO da ClassApp, é preciso preparar a escola para esse novo cenário. “É difícil”, ele diz, “mas o desafio é igual para todos. As escolas do futuro serão as que vão conseguir se adaptar melhor a essas dinâmicas e desafios”, garantiu.

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