Saúde mental dos professores

Como cuidar da saúde mental dos professores e da comunidade escolar

Comunicação escolar
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13/12/2022

A pandemia escancarou a necessidade de se olhar com carinho para a saúde mental dos alunos e de toda a comunidade escolar. Apesar do retorno à normalidade, os efeitos que o isolamento trouxe para a comunidade escolar ainda reverberam na sociedade.

Crises de ansiedade, sentimento de incapacidade, medo da exposição e tantos outros sentimentos negativos foram sentidos pelos professores desde o início da pandemia. 

Já do lado dos alunos, o médico pediatra Daniel Becker aponta que as instituições de ensino registraram um aumento de quase 50% nos episódios de agressão e bullying nos três primeiros meses de 2022.

Como cuidar da saúde mental dos professores?

Alunos da psicologia da USP de Ribeirão Preto desenvolveram uma cartilha com o objetivo de auxiliar os professores a cuidarem da saúde mental na pandemia, mas que é útil mesmo em períodos de normalidade e ajuda a cuidar das nossas emoções:

  1. Aceite emoções: abrace os sentimentos de tristeza, solidão, angústia, raiva, ansiedade e frustração quando elas forem adequadas ao contexto. É normal que sentimentos desagradáveis apareçam.
  2. Atenção: o problema é quando essas reações podem acabar alcançando níveis muito altos e difíceis de controlar, atrapalhando a realização do trabalho, os cuidados com a casa, o tempo para a família e o nosso tempo pessoal.‍
  3. Estabeleça limites: é comum a queixa de que os professores não conseguem se desligar do trabalho. Mas é importante conseguir dividir tempos e espaços específicos para atividades específicas.‍
  4. Cuidado pessoal: não se esqueça que seu cuidado pessoal também é fundamental no bem-estar e saúde em geral. Manter o sono adequado, comer equilibradamente, se exercitar e beber água colaboram para uma vida saudável e produtiva. A meditação também é uma boa forma de se conhecer e lidar com suas dificuldades.‍
  5. Busque ajuda: lembre-se que você sempre pode contar com a ajuda de um profissional da psicologia caso queira ou sinta necessidade. Não há vergonha nenhuma nisso!

O médico pediatra Daniel Becker também compartilhou, durante o Conecta Escolas Exponenciais de 2022, algumas dicas para cuidar da saúde mental dos educadores. São elas:

  • Boa alimentação
  • Atividade física
  • Conexão 
  • Contato com ar livre e natureza
  • Evitar telas
  • Sair de grupos tóxicos de WhatsApp
  • Tolerância consigo mesmo

Daniel Becker lembra que os gestores devem cuidar da sua equipe, com apoio e acolhimento, flexibilização, tolerância e solidariedade. Ele aponta que é preciso, ainda, capacitar e valorizar os profissionais.

Como cuidar da saúde mental dos alunos

Durante o confinamento causado pela Covid-19, os alunos vivenciaram episódios de violência em casa (verbal e física), perda do convívio social, excesso de telas e de comidas processadas, a falta de contato com a natureza e a ausência da escola. 

Isso gerou níveis de estresse tóxico e as consequências são sentidas atualmente na rotina escolar. Não é a toa que vemos crianças irritadiças e revoltadas, casos de suicídio aumentando na pré-adolescencia e o crescimento de crianças tomando remédios.

O médico Daniel Becker explica os três tipos de estresse na infância:

  1. Leve: acontecem por períodos curtos e são superáveis
  2. Prolongado: é intenso, mas reparável
  3. Tóxico: intenso, prolongado e sem reparação

"As crianças estão adoecendo. Não é pela realidade escolar, mas a escola precisa se envolver nisso", avaliou.

Daniel Becker aponta a comunicação como uma das principais ferramentas para lidar com as crianças e adolescentes em situações de estresse, legitimando e acolhendo a dor desses alunos.

As famílias e equipe precisam ficar atentas aos sintomas de sofrimento emocional, como recusa de ir à escola ou pânico de provas e notas ruins, agitação, hiperatividade, agressividade, irritabilidade e rebeldia, e também tristeza aparente e isolamento.

A fraqueza e dificuldade alimentar, somadas a sonolência, tiques e perda da autonomia também são sinais de sofrimento emocional dos alunos.

O pediatra ainda chama atenção para o aumento de casos de bullying na escola, apontando que é nocivo tanto para a vítima como para o agressor. Para o médico, a escola precisa ajudar no combate dessa violência envolvendo os alunos coletivamente na solução.

Nesse retorno presencial, o pediatra alerta que as escolas precisam de atenção para não repetir ciclos de violência, como desrespeito à adaptação, desfralde obrigatório, castigos e excesso de rigidez.

É preciso cuidado com a pressão para que os alunos recuperem o conteúdo e a aprendizagem perdidos, evitando sobrecarga. O pediatra Daniel Becker incentiva atividades que gerem debates, sejam participativas e lúdicas, além do ensino de competências socioemocionais.

O bullying é um problema que sua escola está enfrentando? Clique aqui e confira um artigo sobre como vencer esse desafio.


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