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Como cuidar da saúde mental dos professores e da comunidade escolar
A pandemia escancarou a necessidade de se olhar com carinho para a saúde mental dos alunos e de toda a comunidade escolar. Apesar do retorno à normalidade, os efeitos que o isolamento trouxe para a comunidade escolar ainda reverberam na sociedade.
Crises de ansiedade, sentimento de incapacidade, medo da exposição e tantos outros sentimentos negativos foram sentidos pelos professores desde o início da pandemia.
Já do lado dos alunos, o médico pediatra Daniel Becker aponta que as instituições de ensino registraram um aumento de quase 50% nos episódios de agressão e bullying nos três primeiros meses de 2022.
Como cuidar da saúde mental dos professores?
Alunos da psicologia da USP de Ribeirão Preto desenvolveram uma cartilha com o objetivo de auxiliar os professores a cuidarem da saúde mental na pandemia, mas que é útil mesmo em períodos de normalidade e ajuda a cuidar das nossas emoções:
- Aceite emoções: abrace os sentimentos de tristeza, solidão, angústia, raiva, ansiedade e frustração quando elas forem adequadas ao contexto. É normal que sentimentos desagradáveis apareçam.
- Atenção: o problema é quando essas reações podem acabar alcançando níveis muito altos e difíceis de controlar, atrapalhando a realização do trabalho, os cuidados com a casa, o tempo para a família e o nosso tempo pessoal.
- Estabeleça limites: é comum a queixa de que os professores não conseguem se desligar do trabalho. Mas é importante conseguir dividir tempos e espaços específicos para atividades específicas.
- Cuidado pessoal: não se esqueça que seu cuidado pessoal também é fundamental no bem-estar e saúde em geral. Manter o sono adequado, comer equilibradamente, se exercitar e beber água colaboram para uma vida saudável e produtiva. A meditação também é uma boa forma de se conhecer e lidar com suas dificuldades.
- Busque ajuda: lembre-se que você sempre pode contar com a ajuda de um profissional da psicologia caso queira ou sinta necessidade. Não há vergonha nenhuma nisso!
O médico pediatra Daniel Becker também compartilhou, durante o Conecta Escolas Exponenciais de 2022, algumas dicas para cuidar da saúde mental dos educadores. São elas:
- Boa alimentação
- Atividade física
- Conexão
- Contato com ar livre e natureza
- Evitar telas
- Sair de grupos tóxicos de WhatsApp
- Tolerância consigo mesmo
Daniel Becker lembra que os gestores devem cuidar da sua equipe, com apoio e acolhimento, flexibilização, tolerância e solidariedade. Ele aponta que é preciso, ainda, capacitar e valorizar os profissionais.
Como cuidar da saúde mental dos alunos
Durante o confinamento causado pela Covid-19, os alunos vivenciaram episódios de violência em casa (verbal e física), perda do convívio social, excesso de telas e de comidas processadas, a falta de contato com a natureza e a ausência da escola.
Isso gerou níveis de estresse tóxico e as consequências são sentidas atualmente na rotina escolar. Não é a toa que vemos crianças irritadiças e revoltadas, casos de suicídio aumentando na pré-adolescencia e o crescimento de crianças tomando remédios.
O médico Daniel Becker explica os três tipos de estresse na infância:
- Leve: acontecem por períodos curtos e são superáveis
- Prolongado: é intenso, mas reparável
- Tóxico: intenso, prolongado e sem reparação
"As crianças estão adoecendo. Não é pela realidade escolar, mas a escola precisa se envolver nisso", avaliou.
Daniel Becker aponta a comunicação como uma das principais ferramentas para lidar com as crianças e adolescentes em situações de estresse, legitimando e acolhendo a dor desses alunos.
As famílias e equipe precisam ficar atentas aos sintomas de sofrimento emocional, como recusa de ir à escola ou pânico de provas e notas ruins, agitação, hiperatividade, agressividade, irritabilidade e rebeldia, e também tristeza aparente e isolamento.
A fraqueza e dificuldade alimentar, somadas a sonolência, tiques e perda da autonomia também são sinais de sofrimento emocional dos alunos.
O pediatra ainda chama atenção para o aumento de casos de bullying na escola, apontando que é nocivo tanto para a vítima como para o agressor. Para o médico, a escola precisa ajudar no combate dessa violência envolvendo os alunos coletivamente na solução.
Nesse retorno presencial, o pediatra alerta que as escolas precisam de atenção para não repetir ciclos de violência, como desrespeito à adaptação, desfralde obrigatório, castigos e excesso de rigidez.
É preciso cuidado com a pressão para que os alunos recuperem o conteúdo e a aprendizagem perdidos, evitando sobrecarga. O pediatra Daniel Becker incentiva atividades que gerem debates, sejam participativas e lúdicas, além do ensino de competências socioemocionais.
O bullying é um problema que sua escola está enfrentando? Clique aqui e confira um artigo sobre como vencer esse desafio.